O JOGO

Já tem um tempo que meu processo de criação está me dando fome incontrolável enlouquecendo.
Depois de pedir ajuda para Eugênio Barba, Stanislavski, Mc`Donalds, Dudu Camargo, eu precisava de alguém "ao vivo". Mesmo que fosse só pra bem mundanamente, reclamar. Coitado do ser.

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A noite de ontem foi reveladora. Eu estava pronta pra desfiar um milhão de queixas inseguras e talvez infantis. De repente, fui carinhosamente ensinada de que essas sensações são simplesmente sintomas de que se está crescendo. Era uma criatura tão impágavel que dizia, em suas simples palavras: "veja bem, isso é a minha visão" e dizia que depois de cinco ou seis frases queixosas de minha parte, que tínhamos chegado ao ponto crucial: o desconforto. Estar incomodada é sinal de que você estará sempre buscando a melhor forma de encaixar as coisas no seu processo; o conforto, com o perdão da obviedade, acomoda. "Se esta sua criação, esta sua busca, está confortável, então pode saber que está uma merda. É pior coisa que vc pode deixar acontecer, te deixa preguiçosa e  não te leva a lugar nenhum."

Cada processo de criação é como um jogo. Aprendi ontem que é imperativo - saber, decorar e praticar muito as regras do jogo durante ele. Só depois de estarmos marcados, afiados, com as regras de cor e salteado, é que será o melhor momento de sermos criativos, blefarmos e arriscarmos uma jogada mais ousada. E as regras do jogo passadas, são velhas, não valem de jeito nenhum pra o novo jogo.

O mais legal, é que esta nossa conversa, recheada de metáforas, foi etérea, sem dor, um aprendizado tão pontual e efetivo, que parece aquela coisa que a gente já pensou, mas num tinha minguém pra confirmar, até que a a gente lê num livro, ou num muro, e pensa: "MEU DEUS, por que num fui eu que escrevi isso?"

Obrigada minha Criatura Linda. Foi tanta coisa que aprendi ontem com vc que nem sei se consegui resumir tudo aqui.
Muito grata. Obrigada.
Te devo uma Stolichnaya Cantante.