06/09/09

Mais um trecho - Por J. Alex

- Relato de uma não madrugada - Dalila é Freud. É de sua alma a mais freudiana das criaturas. Dalila consegue a proeza de concretizar a intensa vontade de transformar ideias em arte. Dalila, troca as palavras, esquece, muda as palavras de posição até que a arte surja. Límpida, sincera, ansiosa, confusa e bela. Dalila quer muito escrever tudo o que sente e pensa. Quer aproveitar seu momento mais claro e não superficial, profundo, fria e carne aberta, pra por tudo pra fora. Seus questionamentos, sua emoção mais ferina. Viceral. Momentos e lampejos de sanidade. O que me gera uma tristeza de sentir alivio desta não loucura. Pois se tivesse experimentado essa sensação mais humana antes? Tristeza de sentir alívio é como uma culpa. To confusa com minhas próprias ideias. Perai ( Dalila sai de cena e volta. Para. Pensa e decide reorganizar as ideias di-da-ti-ca-men-te) Será que se tivesse experimentado antes, me sentiria menos culpada, pensaria menos besteiras, aproveitaria mais a sensação de relaxamento e pensaria menos “que a tranquilidade é uma angustia velada?” Séra que se tivesse sido antes, me sentiria menos obrigada a pensar “certo”; catalogar os pensamentos aristotelicamente, me sentiria menos errada, menos estranha, menos julgadora, pensante demais? Me sinto a mais inteligente e perspicaz das criaturas, num segundo. Por pensar demais, e finalmente conseguir pensar uma coisa de cada vez, sem misturar as ideias.... uma, depois a outra. Me sentir plena de achar que escrever é uma boa ideia agora. Me sentir otima de parar e escrever. Me sentir demais. Achar coisas demais. Num outro segundo, me sentir a mais estúpida dos seres, de escrever errado uma palavra. De achar que amanhã lerei tudo e tudo isso será uma obra prima. E descobrir depois, que todo mundo já pensou isso e isso não passa de uma idiotice escrita num momento de sandice temporária, que vale menos do que um telefone de um homem lindo, escrito num guardanapo de bar num momento de intensa bebedeira. (sua, pra ficar claro.) Um monte de ideias lindas, lixo. Haha. Meu corpo pulsa. Como uma bomba de aferidor de pressão. O efeito passará e ficarei burra. Será que terei certeza de novo que tudo está normal e no caminho certo e ficarei aliviada.? OU será que quando voltar, e o efeito passar, minhas ideias de mudança do que fui, para quem sou, e o que gostaria de ter sido, terá a Persipcácia de Dalila, ainda? Será que eu terei a perspicácia de Dalila pra entender tudo que escrevi? Tudo que pensei? Entenderei o que quero dizer quando digo que Dalila é Freudiana? Dalila me faz pensar muito mais do que aquele analista burro. Ainda bem que fui embora. Destesto quando consigo inconsientemente manipular meu terapeuta. Me faço de burra pra tentar me encaixar no contexto, de vítima, de louca, sei lá. Mas acabo me irritando quando constato que o analista é mais burro que eu. Me irrita. Ainda bem que fui embora.

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